Os seis benefícios da Interlíngua

A Interlíngua é o resultado do encontro de dois fatores. O primeiro foi a formação do estado lingüístico da Europa moderna, caracterizada pela coexistência de várias dúzias de línguas distintas mas não completamente independentes, porque nelas se encontra de um lado um vocabulário e de outro lado uma estrutura gramatical fundamental e essencialmente comum.

O segundo fator foi a aspiração de construir para a civilização moderna uma língua auxiliar neutra que pudesse desempenhar o mesmo papel que coube ao latim durante a civilização medieval.

Após anos de estudos concluiu-se que a língua auxiliar neutra mais ideal seria um idioma composto de um vocabulário latinesco prototípico com uma gramática moderna.

Quais são os traços vantajosos desse latim moderno que o distinguem de outras línguas construídas?

1. O estudo da Interlíngua ajuda a conhecer melhor nossa língua materna

Talvez pareça estranho que consideremos este benefício da Interlíngua como o primeiro, mas ele é de grande importância. Em nossa língua materna há muitas palavras interlinguais. Aprendendo Interlíngua, nós aprendemos simultaneamente seu sentido preciso, sua origem, seu lugar no vocabulário e seu uso correto. Em muitas línguas há dicionários de palavras estrangeiras. O estudo da Interlíngua, em um nível mais alto, os substitui.

2. A Interlíngua é um instrumento excelente para aprender como estudar outras línguas

Nós bem sabemos que aprender uma segunda língua estrangeira é mais fácil do que aprender a primeira; e nós tambem conhecemos que somente as primeiras cinco ou seis línguas são difíceis. As ulteriores já vem por si mesmas. Qual é a causa deste fenômeno?

A primeira, e talvez a maior, dificuldade do estudo de línguas é que, começando nossos estudos, identificamos a noção de língua com a nossa língua materna. Precisamos de tempo para descobrirmos que nossa língua materna e a estrangeira têm alguns traços comuns e outros completamente diferentes.

Ao estudar a segunda língua estrangeira, já se usa as experiências adquiridas durante o estudo da primeira, e quanto mais línguas nós conhecemos, tanto mais fácil é separar o particular do geral, e o geral reduz grandemente o número de particularidades de uma língua nova que se queira aprender.

Pode-se dizer “Por que estudar Interlíngua? É mais útil dedicar o tempo e a energia ao estudo de alguma língua nacional.” Mas a experiência mostra que se um grupo de pessoas estuda uma língua nacional durante dois anos e um grupo estuda Interlíngua um ano e uma língua nacional no ano seguinte, os membros do segundo grupo terão um conhecimento mais profundo da língua que eles estudaram no segundo ano. (Naturalmente supõe-se que os membros de ambos os grupos tenham dedicado o mesmo tempo e energia a seus estudos.)

Há um fator psicológico importante que influi no sucesso do segundo grupo: Seus membros sentem logo o resultado de seus esforços, o que facilita seus estudos ulteriores. E quando eles começam a estudar uma língua nacional, eles caminharão sobre um terreno bem familiar e não experimentarão os fracassos das pessoas que não têm a vantagem de ter estudado uma língua planejada mais simples antes de atacar uma língua nacional complexa.

3. A Interlíngua dá uma chave para todas as línguas neolatinas — e até para o inglês

A Interlíngua como uma língua latinesca é semelhante às línguas neolatinas. Isto quer dizer que quem sabe Interlíngua pode tornar-se capaz de ler textos nas outras línguas neolatinas com um mínimo de fadiga, e até mesmo, no caso de textos científicos, em inglês.

4. A Interlíngua nos aproxima do latim

É supérfluo ressaltar o que a herança latina significa para toda a nossa cultura. Todavia, sabemos que por causa das muitas coisas que se deve aprender para funcionar no mundo contemporâneo científico e tecnológico, o ensino do latim regride cada vez mais.

Muitas pessoas lamentam isso, mas sem esperança, e é certo que somente estudantes especializados irão estudar o latim clássico no futuro. A Interlíngua entretanto é o sucessor direto do latim, e por isso seu conhecimento em certo grau — e talvez justamente nas relações mais importantes — pode preencher o vazio criado pela falta do estudo universal do latim. E para aqueles que querem estudar o latim, um conhecimento de Interlíngua é uma preparação excelente.

5. A Interlíngua nos ajuda a encontrar nosso lugar no mundo

É trivial notar que todos nós pertencemos a duas grandes coletividades. Por um lado somos humanos, membros da humanidade. Por outro lado, somos membros de uma nação. Mas pensar na polaridade humanidade-nação é um modo muito simplificado de ver a realidade. Entre humanidade e nação há uma terceira coletividade, ao menos tão importante quanto as duas primeiras. É a cultura da civilização ocidental.

Naturalmente, a cultura é algo multifacetadíssimo. Todavia, ela é também um aspecto lingüístico. A Interlíngua é uma derivação das línguas que levaram à civilização ocidental suas idéias mais importantes e portanto fornece uma demonstração poderosíssima de sua unidade estrutural.

6. A Interlíngua é bem utilizável como língua conectiva supranacional

Sabemos que o objetivo principal da redação da Interlíngua foi a produção de uma língua auxiliar internacional. E examinando a Interlíngua como uma possível língua-ponte internacional, pode-se constatar que, comparada com outras, ela possui uma grande vantagem: para compreendê-la, um imenso grupo de pessoas não precisam de qualquer estudo.

Da estrutura simplicíssima da Interlíngua resulta que aqueles que conhecem duas de suas línguas-fontes fundamentais compreendem automaticamente todos os textos em Interlíngua. Mas mesmo se uma pessoa sabe apenas uma língua neolatina — particularmente se ela é sua língua materna — e possui um pouco de habilidade ou fantasia lingüística, então ele ou ela compreende assaz facilmente Interlíngua em sua forma escrita.

Inversamente, uma pessoa que sabe passivamente duas das línguas-fontes mas não é capaz de usá-las ativamente pode muito fácil e rapidamente passar ao uso ativo da Interlíngua.

Não são poucos os que já gostariam de enterrar a Europa. Todavia, há muitos outros, como também nós, que crêem que ela ainda tem futuro. Mas uma Europa florescente não poderá viver sob suas presentes condições babélicas. Ela necessita de uma língua conectiva. E o que poderia ser mais apto para este papel do que a Interlíngua?


Adaptate de un articulo per Dr. Ferenc Jeszensky, Lingua e Vita, Nº 89, januario-april, 1997, e Nº 90, maio-augusto, 1997.
Traduzido para o português por Emerson Costa.


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